Quem não tem um amigo ou familiar que, ao notar os primeiros sintomas de uma alergia, corre para comprar um frasquinho de descongestionante nasal, ou tem sempre à disposição na mesinha de cabeceira ou na bolsa?
Se você conhece alguém assim ou se essa pessoa é você, saiba que o uso indiscriminado da solução descongestionante pode causar sérios riscos à saúde e causar dependência.
Abaixo explicamos de que forma o uso de descongestionante nasal causa dependência, quando é indicado e contraindicado. Entenda:
Quando é necessário usar descongestionante nasal?
No inverno, com o frio, baixa umidade, tempo seco, poluição e maior presença de fungos, bactérias e vírus circulando nos ambientes, principalmente pela falta de ventilação, pessoas que sofrem de algum quadro como rinite, sinusite ou que estão gripadas podem sofrer ainda mais com uma crise alérgica, afetando seu sistema respiratório afetado.
Esses quadros são comuns durante a primavera, pois a maior presença de pólen das flores no ar é uma das principais queixas de quem sofre com rinite alérgica, por exemplo.
Os sintomas, nesses casos, podem ser bastante desconfortáveis e atrapalhar as tarefas do dia a dia. Congestão nasal, coceira, espirros consecutivos e olhos lacrimejantes estão entre as principais queixas.
Descongestionantes nasais podem ser indicados nos casos de crises intensas de alergias, mas o seu uso controlado deve ser feito somente com orientação médica. Além de dosar a quantidade, o médico deve-se atentar ao período de uso.
Descongestionantes nasais que possuem em sua composição substâncias vasoconstritoras, por exemplo, devem ser utilizados por no máximo 3 dias, de acordo com a descrição em bula.
Descongestionante nasal pode causar dependência?
Sim. O uso de descongestionante nasal pode causar dependência quando realizado de maneira indiscriminada, ou seja, por longos períodos e quantidades exacerbadas. Indica-se que seja feito por poucos dias e em pequenas doses, além de evitar a automedicação e tornar o medicamento como de uso contínuo.
O ideal é que o uso desses medicamentos seja feito somente quando não há outra opção que ajude a amenizar os sintomas da alergia, além de ser necessária a recomendação e o acompanhamento de um médico (a) especializado.
Ainda, os descongestionantes nasais podem perder o efeito a longo prazo, algo conhecido como tolerância ao medicamento, gerando um efeito rebote dos sintomas. O paciente torna-se dependente, mas os sintomas não vão embora.
Esses medicamentos não curam a causa raiz da condição, mas sim amenizam os sintomas até determinado tempo. Assim que o efeito passa, os vasos sanguíneos do sistema respiratório voltam a dilatar e o desconforto retorna. Assim, o usuário tende a aumentar a dose do descongestionante, concretizando um ciclo vicioso.
Medicamentos que contém substâncias vasoconstritoras, como a nafazolina e a oximetazolina, necessitam de receita médica para a compra, pois possuem tarja vermelha. Além disso, existem soluções nasais, que higienizam e fluidificam a mucosa do nariz. Ambas as opções exigem cuidado e acompanhamento médico.
Quais os riscos do uso indiscriminado?
Além do risco de causar dependência, o uso indiscriminado de descongestionantes nasais pode desencadear outros sintomas e problemas de saúde e, até mesmo, provocar efeito rebote. Explicamos:
Efeito rebote
Os descongestionantes nasais possuem uma rápida ação, mas o alívio da congestão nasal é passageiro. Assim, o paciente acaba recorrendo repetidas vezes ao medicamento, tornando-se dependente a sua aplicação em intervalos cada vez mais curtos.
Portanto, o efeito rebote é uma consequência da dependência, no qual o medicamento também pode causar uma condição chamada de rinite medicamentosa ou vasomotora.
Nesses casos, a dependência causa uma alteração na mucosa nasal, em que o paciente perde a capacidade de dilatar e contrair os vasos sanguíneos sem o medicamento.
Intoxicação
Todo medicamento em excesso pode causar intoxicação. Por isso, o paciente que exagera no uso de descongestionantes nasais pode apresentar sintomas como enjoo, vômito, diarreia, sonolência, irritação na pele, entre outros sintomas.
Maior risco de problemas cardíacos
Alguns descongestionantes nasais possuem substâncias que podem causar aceleração dos batimentos cardíacos (taquicardia).
Em pessoas que já possuem histórico de doenças cardiovasculares ou fatores de risco, como hipertensão, o risco é ainda maior.
Por isso, o uso irresponsável de descongestionantes nasais é considerado fator de risco para doenças cardiovasculares, tal como infarto, acidentes cardiovasculares (AVC) e hipertensão.
Como evitar o uso de descongestionantes?
Antes de recorrer ao uso de descongestionantes nasais, é importante entender que existem opções alternativas para o tratamento das alergias.
Procure por um diagnóstico
Primeiramente, deve-se procurar ajuda de um médico para obter um diagnóstico, o qual irá investigar a causa dos sintomas e estabelecerá um tratamento para a doença e, também, para prevenção. Lembrando sempre que o ideal é nunca fazer o uso de um medicamento por conta própria.
Evite contato com os agentes alérgenos e deixe o ambiente ventilado
Agentes como pó, tempo seco, pólen das flores, pelos de animais, entre outros, são gatilhos para quem sofre de um quadro de alergia crônica ou, também, de gripe e resfriado.
Por isso, recomenda-se que pessoas nessas condições evitem contato direto com esses agentes e mantenham sempre os ambientes limpos e ventilados, evitando a contaminação com vírus, fungos e bactérias.
Para o tempo seco, existem várias opções caseiras e tecnológicas que ajudam a reduzir o problema, como bacias com água, toalhas molhadas e umidificadores de ar.
Medicamentos
O uso de medicamentos pode ajudar a tratar quadros de alergias e de gripes, reduzindo os sintomas e estimulando o bem-estar. Estes sintomas podem nos deixar sem ânimo para realizar as atividades do dia a dia.
Um exemplo para essas condições é o Leparin®, que auxilia no tratamento dos sintomas relacionados a gripe. Outro medicamento WP LAB é o Alerginyl®, indicado como auxiliar no tratamento dos sintomas de processos alérgicos. Ambos devem ser usados com recomendação médica e de acordo com a bula.
Como interromper o uso de descongestionante nasal?
Para tratar a dependência aos descongestionantes nasais é necessário o acompanhamento médico, normalmente feito por um profissional da área de otorrinolaringologia. Contudo, nem sempre é possível retirar o medicamento de uma só vez, por isso é aconselhada a redução das aplicações ao longo do dia, em uma retirada progressiva. Esse processo é conhecido como desmame.
Outra forma de ajudar na retirada do medicamento é a sua substituição por soluções que não causem dependência, como soro fisiológico, usado para a limpeza do nariz. Inalações também podem ajudar, pois o vapor ajuda a descongestionar as vias nasais.
Fonte(s): Bula Leparin, Bula Alerginyl, Artigo Riscos Associados Ao Uso Irracional Do Descongestionante Nasal: Cloridrato De Nafazolina